Dois anos e poucos dias depois da minha estreia ao spinning paro para pensar em todas as pescarias que fiz, nas grandes diferenças que existem com as outras pescas e no que é que cresci como pescador. Muitas coisas boas aconteceram e muitas coisas menos boas são hoje recordadas com um grande sorriso nos lábios.
Quando me iniciei nesta modalidade andava atrás de um grande exemplar que os fóruns e as revistas anunciavam sempre com uma amostra escondida por entre a boca do peixe e o sorriso do pescador. Então decidi entrar nesse mundo da descoberta, na arte de enganar espécies com comida de plástico.
Rapidamente se passa de um curioso a um coleccionador de amostras, em que a compra de mais de 10 amostras por mes por vezes não era suficiente, procurava uma amostra milagrosa que me desse peixe em todas as minhas pescarias e queria que passasse a ser o meu sorriso a estar por detrás das grandes capturas. As idas a praia passaram a ser rotina e a corrida a todos os locais com água era uma constante, porque quando me iniciei fui advertido que por Aveiro não iria certamente safar a grade e que se queria realmente sacar um grande exemplar, teria que ir a procura deles para outro lado. Rapidamente entendi que era eu um dos poucos a me iniciar nestas lides por Aveiro.
Com o Tempo fui conhecendo outros pescadores, rapidamente e com a troca de informação comecei a entender as melhores alturas para pescar, a partir dai o grupo começou a crescer. Então começaram a aparecer as capturas sempre acompanhadas por alguns amigos que se sentiam igualmente felizes, altura em que uma captura era sempre um motivo para ligar aos amigos e enviar mensagens a contar onde, como e com que é que se capturou. Todas as pescarias eram devidamente escoltadas por um grupo de amigos que sorriam sempre da mesma forma com que começaram a pescar, independentemente do resultado. Bons momentos esses, isso sim é fazer spinning.
Se há coisa de que sou sempre acusado é de contar tudo o que sei, algumas vezes arrependo-me, mas na duvida dou sempre um voto de confiança. Não me lembro de ninguém que não me pedisse ajuda e eu não ajudasse, ou que me pedisse uma hot spot, e se eu o conhecesse não o divulgasse, tenho pescarias marcadas para quase todo o Portugal, pena não me dedicar só ao spinning. Mas por vezes não se nada num mar de rosas, as pessoas deveriam entender que pouco se esconde, e quem mais ganha é geralmente quem mais partilha, pelo menos eu penso assim.
Se para alguns ir pescar, tirar peixe e não contar nada a ninguém é um acto heróico, para todos os outros que sabem o que aconteceu (acabam sempre por saber), aquilo acabou por ser um acto de cobardia e de inveja condenável dentro de qualquer (pseudo) amizade. Sempre acreditei que para um pescador a importância de uma captura era contar aos amigos e partilhar o momento, mas lembraram-me que esse sentimento nem sempre é mutuo.
Mas nem tudo no Spinnig são histórias tristes, conheço um bom punhado de bons pescadores que com poucos dias de pescas conseguiram capturas grandiosas e que apesar de não estarem ligados online a nenhum tipo de rede social, acabam sempre por gastar uns cêntimos a partilhar a alegria com quem mal conhecem. porque a humildade existe, basta abrir o olhos e procurá-la.
Creio que não me vou alargar mais, porque para um bom entendedor meia palavra basta, e estas humildes 638 palavras devem dar para entender muita coisa, não vale a pena me perguntarem para quem é este texto, porque se bem conheço estas novas amizades umas 10 pessoas me devem ligar a dar explicações, que desde já dispenso.
1 abraço
zé